Eleições chegando e o clima extremamente polarizado abre um alerta para as empresas quanto à imparcialidade e seu papel na construção da reputação positiva perante toda a sociedade. Na era digital, temos exemplos diversos de situações que resultaram em boicote às marcas – seja por um ato isolado de funcionário ou manifestação da própria empresa quanto a um assunto polêmico. Por isso, a área de comunicação se torna estratégica para a prevenção de crises em tempos como o que vivemos – a unificação da visão e do discurso entre todos é o primeiro passo para blindar a reputação das corporações de maneira eficiente.
Combinado não sai caro, certo? Então, seja para tomar partido ou para se declarar imparcial, toda a corporação deve estar alinhada, todos na mesma página. Eu, como profissional, costumo levar em conta uma lógica: a de que todo cidadão é um potencial cliente da marca, independente do partido político. Por isso, sou totalmente a favor da imparcialidade e transparência neste posicionamento. Claro que não é proibido a marca se declarar favorável a este ou àquele candidato – mas acho que isso acaba criando barreiras para o negócio. Ressalto aqui que a empresa se declarar imparcial não significa vetar a liberdade de expressão de seus colaboradores – é importante lembrar que, quando você trabalha em uma empresa, você passa a ser pessoa jurídica o tempo todo, e seus atos podem refletir diretamente na reputação da corporação que você representa.
Por isso, bom senso na hora de tornar sua opinião pública é primordial. Uma opinião sua pode ser interpretada como um posicionamento oficial da empresa que te emprega, trazendo impacto direto para a imagem dela. Em qualquer um destes cenários, seja com a intenção de se posicionar ou não, esta conscientização deve ser liderada pela área de Comunicação, sendo executada de forma coordenada, não podendo ser uma ação individual e isolada – todos devem estar na mesma página, com discurso alinhado.
Hoje os consumidores tendem a levar muito em consideração o posicionamento das marcas com relação a diversos assuntos – política, diversidade, ESG. E acabam se tornando defensores e admiradores, caso seja uma empresa empática e que tenha o propósito alinhado ao seu. Junto com essa identificação, vem a cobrança – as marcas que saem de alguma forma da linha, acabam sendo questionadas, e nas redes sociais esse alcance é potencializado, podendo gerar crises de imagem, às vezes, irreversíveis.
Tem uma frase do Warren Buffet que é uma lição de vida, a qual costumo citar sempre faço uma apresentação sobre a importância do planejamento estratégico de comunicação para as corporações: “São necessários 20 anos para construir uma reputação e cinco minutos para arruiná-la. Se você pensar nisso, fará as coisas de maneira diferente.”
Elaine Nishiwaki