A vida dos brasileiros já foi ditada pela grade da televisão. A minha também! Quando criança, envolvia minhas bonecas em narrativas como “Esmeralda” e “Rubi”, e sabia que o drama valia cada segundo, já refletindo no teor das minhas redações na escola, conversas com amigas e quizzes da Capricho.
Assistia novelas como “O Beijo do Vampiro”, e depois acompanhava uma maratona de “Buffy” com a minha mãe, não perdendo um episódio. Podia resenhar as produções em menos de um minuto. E se não assisti “Rebelde” até hoje, é porque no momento do hype, a produção era exibida no horário de “Floribella”, a programação sagrada das crianças de oito anos da minha turminha. Mas como disse uma vez a saudosa Hebe Camargo ao lado da também querida Nair Bello, no famoso Especial de Romeu e Julieta do SBT, “[…] Eu não me lastimo por tal. Em breve completarei 15 anos”.
Brincadeiras à parte, a paixão pela cultura pop, livros, música e a televisão me levaram ao jornalismo. E seguir no atendimento do mercado de entretenimento televisivo me trouxe experiências maravilhosas, seja acompanhando gravações no set de um reality show ou estando por trás das estratégias de divulgação do Tony Awards, exibido diretamente de Nova York para a América Latina.
O mercado do entretenimento exige textos rápidos, respostas e um mailing afiado. As trocas de jornalistas são muito recorrentes, e a relação se torna numa parceria. Você precisa entender os dois lados, do contrário não vai dar certo. Mas a grande dica para essa construção é alinhar o que se precisa e o que se encanta para essa relação.
Acompanhar quem está abordando as tendências ajuda muito na elaboração de planos, e ideias malucas não são sempre ruins, já que nesse seguimento as estratégias precisam ter ao menos três alternativas, já que tudo pode mudar a qualquer instante. Ainda mais quando o linear concorre com o video on demand.
No momento, Hollywood enfrenta uma greve que vai mudar a relação da indústria ao todo, inclusive o trabalho de divulgação que nós assessores realizamos. Atores e roteiristas lutam por seus direitos de imagem e salários dignos enquanto o mercado investe na Inteligência Artificial em detrimento do Capital Humano. E isso irá atrasar produções além de alterar suas narrativas.
Por mais prazeroso que seja trabalhar com algo que se gosta, é necessário distanciar o momento de apreciação do que realmente é a indústria, porque ela muda, e nós lidamos com pessoas, seus sonhos, egos e histórias.
O papel de um bom atendimento de PR com foco nesse mercado é de aquecer as conversas nos espaços certos, observando de perto o que o público fala sobre as produções e servindo novidades que conquistem tanto os jornalistas quanto os fãs.
Beatriz Fleira