A comunicação sempre precisou lidar com um grande volume de informações, algo que ganhou proporções exponenciais com a internet e as conexões em rede. Diariamente filtramos números e histórias, analisamos informações, estruturamos bancos de dados e organizamos narrativas para contar o que é, de fato, relevante.
Entretanto, hoje, no PR, mais que transformar dados em histórias, transformamos histórias em dados ao tangibilizar ativos intangíveis como a evolução da imagem reputacional de uma empresa, pessoa, produto, assunto ou setor. Trazemos mais uma camada de inteligência de dados na comparação e cruzamento desses indicadores e chegamos mais assertivos na hora de planejar os próximos passos de uma estratégia, avaliando o desempenho histórico de diversas variáveis – que fique claro que olhar para frente de forma estruturada pressupõe conhecer o que veio de trás: a história nos ensina sobre erros, acertos e, mais que isso, tendências.
A pergunta deixou de ser ‘nós precisamos disso?’ e passou a ser ‘e se não fizermos isso?’. Perdemos muito quando navegamos cegos, em especial em um ambiente cada vez mais mensurável.
O jornalismo vem buscando cada vez mais mensurar o tamanho do valor e impacto que tem na sociedade. Há projetos como Impacto.jor, fundado por Pedro Burgos, que nasceram justamente para criar parâmetros para essa mensuração.
No PR não é diferente. Trabalhamos com parâmetros para entender não apenas o desempenho próprio da marca analisada, mas para que, cada vez mais, possamos compreender os números relativos, ponderando estratégia e relevância. Entra aí a classificação e avaliação de fatores como porta-vozes, pessoas impactadas, repercussão, engajamento, influência, temas, agravantes, protagonismo, responsável editorial, mensagens-chave e inclusive a comparação com a evolução por concorrente, a participação no setor, o imageshare e o que contribui para queda ou fortalecimento da reputação de cada player. Além de gerar insights também nos ajuda a criar mapas – e não apenas de riscos!
Mas nem só de publicações vive o homem. A mensuração de resultados também passa por entender os esforços de comunicação, identificar e metrificar inclusive o que não foi publicado. Indicador para mensurar entregáveis internos. Horas de dedicação para pautas que não vão ao ar, produção de briefings, reuniões de negociações com parceiros, avaliação de cenários, são inúmeros os exemplos do invisível e estratégico trabalho de comunicação.
O trabalho de reputação nem sempre consiste em dar visibilidade a temas e isso não pode passar batido. Esse track também funciona como um ponteiro que mede esforços e uma bússola para planejamentos, cronogramas e termômetros.
No início a mensuração era justificada pela necessidade de apresentar resultados do trabalho de comunicação para quem internamente nas empresas era acostumado com números. É muito mais do que isso. Além de ser o resultado no nosso trabalho, um argumento quantificável que baliza nossas escolhas de comunicação, nos permite avaliar tendências, riscos e oportunidades.
Não há possibilidade de desenvolver um planejamento estratégico sem saber o terreno em que se está pisando. A forma mais segura e assertiva de se fazer isso é com dados – que também roubaram um pouco do protagonismo e glamour das fontes pessoa física das redações.
Aqui na Textual temos como cultura abrir o dia com esse ponto de partida de analisar as notícias e os principais assuntos do dia – para o mundo, o país, o estado, a cidade, o setor do cliente – antes de botar o bloco na rua.
Abrimos o dia com a análise dos assuntos mais pesquisados, compartilhados, lidos, mencionados e comentados. Num primeiro olhar, isso pode parecer que é a mesma coisa, mas não é. O que uma pessoa lê não é necessariamente o que ela escolhe compartilhar nas redes de forma pública e pode não ser algo que ela vai comentar. Quem sabe ela busque no Google de forma anônima.
Ter esse termômetro guiado por dados é essencial para balizar os riscos e oportunidades a curto e médio prazo. Somos data-driven e ser orientado por dados passa por avaliar os números antes de tomar uma decisão. Importante é dizer que esse tema não é novo. É essencial e faz parte do nosso cotidiano há mais de década. O que muda é a velocidade, processos, algoritmos e ampliação de possibilidades. Nosso dia nunca é o mesmo e é empolgante poder acompanhar isso de uma forma que vai muito além da percepção e constatação, mas com o tempero da visualização de dados.
Lina Garrido