A história está na Bíblia e todo mundo já ouviu falar, mas só lembrando aqui. Diz o Gênesis que a recém-criada humanidade tentou dar uma volta na ordem divina de se espalhar pela Terra e decidiu construir uma grande torre na qual todos se juntassem para falar direto com o céu. Deus acabou com a brincadeira confundindo as línguas dos homens e transformando a torre numa Babel, a palavra hebraica para confusão. Ninguém mais conseguiu se entender e o povo se dispersou.
Milhares de anos se passaram e nunca mais conseguimos falar a mesma língua. Mas a comunicação integrada está aí para mostrar que o caminho do céu corporativo passa por uma visão de narrativa unificada e ações conjuntas, levando as mensagens da empresa para diferentes públicos em diferentes linguagens.
Em vez de torre, vamos pensar na Babel como uma ponte. Para atravessá-la, porém, é preciso antes ter em mente alguns conceitos que ajudem a construir o lado de lá.
Imagine um quebra-cabeças. Se a gente apenas amontoa as peças, nunca forma o desenho que está na capa da caixa, certo? Então, antes de mais nada, é preciso olhar o todo, entender o objetivo comum – ou seja, desenhar e visualizar o planejamento estratégico. A partir daí, cada área vai trabalhar dentro de sua expertise. O pessoal que gosta de coisas mais retas fica encarregado da moldura do quebra-cabeças, os mais visuais pegam as peças que traçam o desenho, os detalhistas se responsabilizam por com aquelas com nuances diferentes de cores e os cabeçudos encaram as pecinhas cheias de reentrâncias e calombos.
Ao final, todos atuaram de forma integrada para que a imagem desejada, construída peça a peça por cada um, surgisse diante dos olhos do público.
Esta palavrinha manjada – narrativa – é crucial para a comunicação. Muito além de uma coleção de mensagens-chaves, a narrativa é como a empresa conta sua história:
Portanto, é como a empresa se define. Quem conta várias histórias diferentes sobre si mesmo, ao sabor da plateia e do momento, acaba vendo o nariz crescer e a reputação minguar. Seja qual for o plano de comunicação, os públicos, as ações previstas, é imprescindível estar fundamentado e a serviço de uma única, e verdadeira, narrativa.
É aqui que a gente organiza a Babel. Em vez de estranhar os idiomas, vamos trabalhar com a diversidade de linguagens para uma conversa com cada meio e cada público. Não se trata de adaptar, mas de pensar como, para falar como. Se a história é única, a maneira de contar é diversa – e nisso reside a riqueza da comunicação integrada.
Sim, ninguém disse que era fácil chegar no céu. Mas vale a pena.
Eliane Azevedo