É imediato o link que fazemos com grandes veículos quando falamos de exposição midiática. Mas para participar da construção de temas relevantes é importante olhar para outro nível da construção da notícia – o jornalismo de impacto.
Veículos super especializados funcionam em efeito cascata, sendo muito reconhecidos pelos seus pares e, por vezes, vemos redações e iniciativas independentes pautando cada vez mais os grandes jornais e, por consequência, o debate público.
A crise do jornalismo como entendemos hoje não é uma novidade, muito já se falou sobre isso. Inclusive minha colega Alessandra Gardezani, relatou aqui as palavras de Elizabeth Bramson-Boudreau, CEO da MIT Technology Review, durante o SXSW 2024. Nas palavras dela, “a indústria jornalística se encontra em colapso”. Muito em função da dificuldade de financiamento onde o fluxo financeiro passa a ser realocado em plataformas digitais.
Essa crise do jornalismo força o setor a se reinventar a cada dia. O jornalismo começa a ouvir mais a audiência e isso já mostra resultados de uma transformação profundamente dialética. São novas iniciativas com olhares empreendedores de inovar e propor novos tipos de produtos e serviços para se manter atrativo e competitivo.
Um exemplo é como o fact checking utiliza técnicas de jornalismo de dados para lidar com o grande volume de desinformação nas redes. E, mais recentemente, o uso da IA tem sido tema de muito debate quanto a sua utilidade para novos produtos no jornalismo e questões éticas que a acompanham.
“O que estamos falhando em entender é que a crise do jornalismo é tanto um problema de modelo de negócio quanto um problema de produto”, foi o que disse Mattia Peretti, jornalista e ICFJ Knight Fellow em artigo para o IJnet sobre os usos da IA para um jornalismo focado no usuário e sustentável.
Aqui na Textual consumimos e olhamos com muita atenção iniciativas jornalísticas independentes. Compartilhamos uns com os outros, debatemos os temas levantados por essas redações e pensamos comunicação levando em conta todos esses veículos. Esses novos discursos jornalísticos são resultado de um jornalismo que procura novas fontes de financiamento como crowdfundings e o terceiro setor, além do financiamento costumeiro e isso transborda para o fazer jornalístico.
Jornalismo independente no Brasil tem elevado muito o debate agindo como uma vanguarda nos temas como tecnologia, desinformação, mudanças climáticas, transparência pública, poder, só para ficar em alguns temas. Não apenas impactam o nível do debate, mas também geram impacto diretamente em políticas públicas.
Esse jornalismo de impacto produz espaços de qualidade baseados em fontes legítimas, informações inéditas e responsáveis. Participar da produção desses espaços é valioso quando estamos colaborando com pesquisas, fontes de alta credibilidade e projetos de responsabilidade social. Além disso, por se tratarem de vanguarda no debate público, esses espaços são indispensáveis no monitoramento para a antecipação de crises.
Tendências na grande imprensa são muitas vezes geradas nesses espaços onde o jornalismo de impacto trabalha como vanguarda da cobertura midiática. Esses novos discursos são termômetros do estado da arte que inspiram e impulsionam iniciativas na sociedade civil que devem dialogar com a transformação social que queremos. O profissional de PR deve buscar internamente essas iniciativas e valorizá-las para nutrir o debate público.
Bruno Borges