Da antiguidade para a era digital. O estoicismo, definitivamente, está na moda. Nas falas de influenciadores e coachs, nas livrarias com reedições de obras clássicas e reinterpretações de autores contemporâneos entre os mais vendidos, no Google Trends – que aponta um pico de procura no início da pandemia e segue numa curva ascendente – ou, até, num papo de bar, é possível encontrar a filosofia estoica. Há mais de dois mil anos, o modo de enxergar a vida, com ensinamentos práticos, de Sêneca, Marco Aurélio e Epicteto ganha cada vez mais adeptos e admiradores em todo o mundo.
Mais do que em qualquer outro momento da história recente, precisamos de resiliência, coragem, moderação e sabedoria. Ingredientes para uma vida feliz e, também, indispensáveis em uma gestão de crise. Por isso, separamos algumas dicas, para lá de estoicas, na hora de enfrentar as situações negativas.
“Muitas vezes erra não apenas quem faz, mas também quem deixa de fazer alguma coisa.” (Marco Aurélio)
Reconhecer rapidamente que há um problema e se posicionar como parte da solução é chave para uma crise bem conduzida. Não se deve simplesmente esperar que o assunto desapareça ou terceirizar a responsabilidade. É preciso aceitar a realidade e agir conforme a situação solicita. A aceitação é o primeiro passo para fazer da crise uma oportunidade. Por isso, posicione-se o mais rápido possível. Estabeleça e cumpra um fluxo de comunicação, ocupe seu espaço como fonte, e, acima de tudo, aja! Tome ações concretas para pontuar a reação. O discurso deve ser sempre acompanhado da prática, assim como a filosofia estoica prega.
“Que ridículo e que estranho ser surpreendido com tudo o que acontece na vida.” (Marco Aurélio)
É preciso pensar sempre no contexto maior no qual estamos inseridos, e não apenas na situação isolada que estamos enfrentando em um espaço de tempo determinado. A agilidade na reação não pode se confundir com ignorar fatos, contexto ou percepções externas. Pesa cada vez mais no valor das marcas ativos intangíveis, que devem ser levados em consideração.
“Não é o que acontece com você, mas como você reage a isso que importa.” (Epicteto)
Entre o pânico e a indiferença há um longo caminho. Nem ceticismo, nem histeria. A virtude está no meio. Concentre-se menos em coisas fora do seu controle e sim no que está sobre o nosso poder. Lembre-se de que é possível influenciar, mas não controlar a narrativa.
“É melhor tropeçar com os pés do que com a língua.” (Zeno)
Você sempre poderá se levantar de um tropeço, mas lembre-se: o que foi dito não pode ser desfeito. Especialmente coisas cruéis, preconceituosas e prejudiciais. Conselhos para administrar bem as palavras, não faltam. Como diriam nossos avós, “o peixe morre é pela boca”. Use a empatia, lembre-se que são pessoas falando com pessoas. Garanta a clareza das mensagens, traduza e compare para se fazer entender.
“A arte de viver é mais parecida com uma luta do que com uma dança, pois a vida exige que você esteja preparado para ataques súbitos e inesperados.” (Marco Aurélio)
As crises virão. Isso é fato. Então, nada mais razoável do que estarmos preparados. Para isso, tempo é um artigo valoroso. Não espere ficar doente para cuidar da saúde, tampouco espere uma ocorrência negativa para estruturar processos. Empresas que já possuem um manual de crise a ser seguido, porta-vozes treinados, fluxos de comunicação – como grupos de WhatsApp formados -, tem uma importante vantagem na hora de enfrentar a crise. Não deixe para se preocupar quando for inevitável. Esteja a postos para todas as batalhas da vida.
Maura Peres