A máxima popular que as grandes oportunidades surgem nas crises, se adapta perfeitamente a uma das maiores datas do varejo norte americana que já caiu no gosto dos brasileiros, desde 2010, quando comerciantes brazucas começaram a reproduzir o dia de promoções agressivas.
Há relatos que o termo Black Friday surgiu em 1869, quando dois investidores americanos compraram muito ouro para revender a preços maiores, que desencadeou uma quebra de Wall Street levando muitas empresas e investidores à falência. Obviamente isso aconteceu em uma sexta-feira.
Mas a expressão Black Friday que a gente conhece mesmo só surgiu nos anos 1960, na Filadélfia. Logo após a comemoração de Ação de Graças, as cidadezinhas que recebiam partidas importantíssimas de Futebol Americano ficavam abarrotadas e os policiais trabalhavam sem parar. Logo, classificaram essas sextas-feiras como Black Friday.
Os comerciantes locais que se aproveitavam da situação, colocavam seus estoques a preços atrativos para vender mais e queimar o que sobrava nas prateleiras.
O termo se popularizou por lá, na década de 1980. Os comerciantes ainda utilizavam tinta para registrar seus balanços de vendas. A tinta de cor vermelha designava prejuízo, e a caneta preta era usada para registrar os lucros. Mais ou menos, como falamos no Brasil “estar no azul”.
A expressão, atualmente, reverbera em uma discussão bem pertinente, referente ao racismo estrutural, mas nada tem a ver com a questão. Era apenas uma referência visual ao prejuízo. Houve uma mudança comportamental eventualmente: os comerciantes mais engajados, nos dias de hoje, preferem utilizar nomes como ‘Liquida Friday’.
Desde que começou a acontecer no Brasil, 12 anos atrás, com uma certa resistência dos céticos, que não acreditavam nos descontos, a Black Friday se consolidou na agenda do varejo. Este ano, segundo dados da ALSHOP, 40% dos brasileiros pretendem comprar online. E pela pesquisa da ABRASCE (Associação Brasileira de Shoppings Centers) o aumento nos gastos será de 6%. A categoria que sempre lidera essa pesquisa é a compra de Eletrodomésticos.
Sem dúvida um respiro para a economia brasileira que se fragilizou durante a pandemia da Covid-19, mas há ainda, um grande gap de se tornar culturalmente enraizada na intenção de compras do consumidor no Brasil.
Thays Correa