5 insights pós Digitalks

Entre os dias 23 e 24 de agosto, cerca de 9 mil pessoas se reuniram no São Paulo Expo, na capital paulista, para acompanhar o Digitalks. Entre essas milhares de pessoas estava nosso time, que de forma colaborativa fez uma curadoria de insights do evento sobre transformação digital. Bora conferir?

O mercado de trabalho pós IA

Já começamos com a pergunta de 1 milhão de dólares: “eu vou perder meu emprego para a IA?”. A resposta imediata é “não”, mas temos que olhar de uma forma mais profunda para esse tema. No Digitalks, quase todos os painéis que abordaram o tema foram unânimes em um ponto – a inteligência humana é e sempre será fundamental., o avanço da tecnologia traz uma necessidade latente de atualização e conhecimento em IA será cada vez mais um pré-requisito para o trabalhador do futuro.

As soluções automatizadas estão cada vez mais cognitivas e isso ajudará (e, em alguns níveis, já está ajudando) o trabalhador do futuro a otimizar seu trabalho. Podemos nos livrar de atividades mais operacionais e nos tornar cada vez mais estratégicos. Mas isso exige um conhecimento apurado das novas ferramentas de IA e, mais do que isso, um olhar crítico sobre todas elas. E em um mar de tantas possibilidades, dados e tecnologias, saber fazer as perguntas certas nunca foi tão importante. Ou seja, é menos sobre “eu vou perder meu trabalho para IA?” e mais sobre “como posso usar a IA ao meu favor?”.

Fechamos esse raciocínio parafraseando uma das primeiras palestrantes do evento, a pesquisadora Martha Gabriel – “Você não será substituído pela tecnologia. Mas por quem sabe usar melhor a tecnologia”. Bora de atualização constante!

O desafio da ambidestria inteligente

Em um evento como o Digitalks, a ansiedade pode atacar forte. Nosso mercado é apaixonante, mas se move a uma velocidade incrivelmente rápida. Como acompanhar as transformações, tocar o dia a dia e ainda ter um bom balanço vida-trabalho?

Para alguns dos palestrantes do Digitalks, a resposta está em um termo que tende a aparecer cada vez mais nos próximos anos – a ambidestria inteligente. O conceito consiste em saber para o que direcionaremos nossos olhares em um ecossistema tão complexo e acelerado, de modo que possamos nos atualizar no que realmente importa. Exemplo – sabemos que a IA é importante para todos os profissionais de comunicação, marketing e tech, mas precisamos nos perguntar quais das possibilidades da tecnologia realmente são úteis para nós e, assim, direcionar nossos olhares e esforços para isso. Só assim será possível um equilíbrio entre presente e futuro e, é claro, entre vida e trabalho. Pode não parecer, mas no momento que vivemos, a ansiedade de saber tudo não é só prejudicial à saúde mental, mas também contraproducente.

A ambidestria inteligente também é sobre o uso estratégico das novas tecnologias para otimizar o tempo das equipes. Um time que usa a IA e automação para tocar tarefas mais operacionais tem mais tempo para se atualizar e pensar na melhoria de processos.

Para além do código de máquinas

As discussões sobre o futuro do trabalho permearam a maioria dos painéis do Digitalks e eles reforçaram a importância do match entre a capacidade crítica humana e a emergência de novas tecnologias. Mas alguns palestrantes chamaram a atenção para um ponto interessante – em um momento em que todos buscarão se atualizar e aprender “código de máquinas”, se diferenciará quem for fluente no “código humano”.

A chegada de novas tecnologias e a ampla gama de dados e informações auxiliam o dia a dia das empresas, mas nenhuma dessas coisas, de forma isolada, move ponteiros. A capacidade técnica de saber operacionalizar essas ferramentas não é suficiente, é preciso trabalhá-las para gerar histórias, conexões e, é claro, negócios.

Por isso, para além da capacidade técnica, se destacarão profissionais que tenham um olhar crítico e empático, e que saibam fazer as perguntas certas e filtrar o que é importante dentro da gama imensa de dados e informações. Também será importante que cobrem as plataformas e garantam que os resultados obtidos com as novas tecnologias reflitam a nossa realidade, com olhar mais apurado para diversidade, ponto no qual a IA ainda falha muito.

Gameficação para além do nicho

Antes da Era da personalização, quando a comunicação digital ainda era sobre segmentação massiva e personas generalistas, era comum ter uma ideia bem definida do gamer. Geralmente as pessoas pensavam em um nicho bem definido, personificado na figura de um homem jovem que passava o dia inteiro grudado na tela do videogame. Os painéis de gamificação do Digitalks trouxeram dados e reflexões que quebram esse estereótipo e abrem o leque de possibilidades para as marcas.

Hoje, mais de 70% da população nacional joga algum game eletrônico, de acordo com a pesquisa Game Brasil, referenciada em alguns dos painéis. Isso represente mais de dois terços dos brasileiros! Não podemos mais pensar em nicho ao trabalhar game, tampouco reduzir as estratégias de gamificação ao gamer “tradicional”. Outra mudança de chave que deve ser considerada é a jornada do jogador, que não passa somente pelo videogame, mas por várias outras telas. O smartphone, por exemplo, é a forma favorita de jogar para mais da metade dos brasileiros.

E o que isso significa para as marcas? A gameficação é, hoje, uma estratégia fortíssima para fomentar comunidades e gerar experiências ricas. O jogo é uma forma de conteúdo que prende totalmente a atenção do público e, portanto, é um formato muito rico para as empresas se conectarem com o seu público. Isso traz possibilidades tanto para inserções em jogos já existentes quanto para a criação de experiências de marca pensadas do zero para engajar usuários. Bora explorar?

Influência para além do guide

Uma das perguntas feitas no evento foi “Influência é para todo mundo?”. Spoiler – Sim! Mas exige uma maturidade e um desapego por parte dos profissionais de comunicação e das marcas no geral. Isso porque a grande vocação da influência é a geração de conversas e comunidades, e o criador de conteúdo é quem mais sabe formas de se conectar com o seu público.

Para além da palavrinha mágica “cocriação” que, apesar de importante, já está batida, as empresas que quiserem colher bons frutos na creator economy precisam escutar os influenciadores e estarem dispostos a fazer concessões. Um briefing fechado, um guide de criação quadrado e sem flexibilidade minam a grande força motriz da creator economy – a capacidade criativa dos criadores de conteúdo. Afinal, o grande trunfo da influência está na construção de valor entre marca, influenciador e sua comunidade.

Na prática, isso significa uma ordem dos fatores que, sim, altera o produto:

  1. Depois de definir objetivo da campanha, antes de pensar nos nomes que deseja impactar com a sua campanha ou ação, pense nas conversas que quer gerar. Se temos uma iniciativa focada em maternidade, não basta pensar em “influenciadora mãe”. Precisamos entender as discussões dentro do macrotema que são estratégicas para as marcas e, com isso, partir para a escolha dos creators.
  2. Com seleção feita, bora ouvir antes de brifar. Cocriar a campanha do zero com o influenciador faz toda a diferença porque enquanto a marca entra com imputs sobre os objetivos da campanha e conversas que quer gerar (e evitar!), o influenciador trará o como com base em seu conhecimento apurado de sua comunidade.
  3. Com o briefing cocriado, a marca precisa revisar o conteúdo de cabeça aberta, pensando que seu orçamento será otimizado com o conhecimento que o influenciador traz a mesa. Isso não quer dizer que a empresa deve dizer sim a tudo o que o criador propor, mas sim entender que um briefing ou conteúdo fechado não moverão ponteiros para a campanha.

 

Os dois dias de Digitalks foram recheados de conteúdo e nosso time captou muitos insights. Confessamos que foi difícil selecionar apenas 5, mas esperamos que tenha sido útil. Boas reflexões e até 2024 😊

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